Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte. - 2 Coríntios 12:10

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A arte de defender a fé

Outro dia estava verificando há quanto tempo participo de discussões sobre religião na internet, e cheguei a aproximadamente 7 anos. É um bom tempo de discussão, e posso dizer que aprendi bastante nestes 7 anos. Quando comecei, não sabia de nada, e todas as discussões por que passei me ajudaram a buscar respostas e encontrá-las.
Mas a tarefa de defender a fé não é uma tarefa fácil. Aprendi muito com meus erros também, e ao longo destes anos, fui tirando algumas conclusões sobre o que eu deveria fazer e o que eu não poderia fazer de forma alguma. Espero então compartilhar algumas de minhas conclusões, pois talvez isto ajude alguém a agir de forma correta, ou pelo menos que eu possa transmitir algumas de minhas preocupações.
Que tipo de pessoas encontramos em debates? É tão certo como o sol nascerá amanhã que, em uma discussão, principalmente pela internet, você irá encontrar pessoas irredutíveis. Elas podem ou não ter se "firmado" em suas conclusões através de estudos, e por isto não devemos considerar estas pessoas como "cegas" se por acaso elas nos parecer irredutíveis. Devemos nos lembrar sempre que se nós mesmos estudamos e nos firmamos na fé, vamos parecer também irredutíveis a eles.
Além destes, há aquelas pessoas que estão buscando aprender também. Elas estão ali mais como leitores, e geralmente não participam do debate.
Assim, o debate se dá principalmente entre aqueles que estão mais seguros sobre aquilo que acreditam ou defendem. E é por isto que é muito fácil perder a paciência neste tipo de debate. Por isto minha primeira dica é que faça o máximo possível para que isto não aconteça de sua parte. Seguindo o exemplo de Pedro, que dizia:
(1Pe 3:15) antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós;
O motivo é muito simples: a pessoa que está debatendo com você já possui a tendência natural de não te ouvir. Se você for grosseiro, você estará diminuindo muito mais as chances de que ela te ouça. E é importante que você deseje que ela te ouça, não só para que ela reflita sobre seu argumento e se decida pela fé que você professe, mas também para que ela considere seu argumento com cuidado, e se tiver que te dar uma resposta, que seja uma resposta bem direcionada ao problema que você postou, não a um problema que ela achou que você escreveu.
Além disto, aquelas pessoas que estão ali apenas para leitura e para aprendizado serão muito melhor instruídas. Uma resposta sem críticas ou deboches é muito mais simples e agradável de ser lida. É nosso dever como cristãos agirmos de forma a dar o exemplo às pessoas que estão ali.

Mencionei acima que uma resposta amigável ajuda seu oponente a refletir melhor sobre a questão que você coloca. Para mim é essencial esta reflexão, e você também deve fazer o mesmo. Você deve entender aquilo que a pessoa com quem está debatendo está tentando transmitir. Pois se você não entendê-la, você poderá estar formulando uma resposta que não causará impacto, uma resposta que não responde nada.
E aí está talvez a parte mais bela da defesa da fé, que muitos parecem deixar de lado: no debate damos início à tarefa de conhecer o próximo. É certo que a pessoa irá colocar como argumento aquilo que para ela própria é um argumento convincente. E assim, ela está revelando para nós quais são as suas maiores preocupações. Se você estiver em sintonia com a pessoa com quem está debatendo, você conseguirá entendê-la e dar uma resposta não apenas ao problema que ela está apresentando, mas também uma resposta às suas angústias e preocupações.

Há por fim, alguns que de fato não querem ser convencidos. Embora você apresente argumentos muito bons, a pessoa não se dá por vencida. Enquanto ela está apresentando argumentos válidos contra os seus, o debate continua, mas há momentos que você percebe que as pessoas com quem você está debatendo começam a evitar aquilo que você apresenta. É importante observar quando isto começa a acontecer, pois você perceberá através desta atitude que o debate de fato acabou. E devemos saber quando isto acontece, pois somos tentados a continuar um diálogo que não possui propósito algum, só por questão de quem responde por último. O orgulho é um mal que ataca facilmente quem é participante de debates, por isto é bom estar atento às suas próprias atitudes. Saiba quando parar, mesmo que isto signifique não ser a última voz no debate. Não use de vocabulário muito sofisticado, pois isto só serve para se auto-promover.

Espero que com isto eu tenha ajudado algumas pessoas nesta difícil arte que é a defesa da fé.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Lá fora chove...

Não tardava a chuva a cair, e eu ali, naquele apartamento...
Chovia.
Mas ninguém à minha porta batia.
Não chamavam, não se importavam. E eu ali, naquele apartamento.
Chovia forte, a música tocava, ali dentro.
Mas eu não a ouvia.
Eu me sentava, e me perguntava, como ninguém poderia sequer me ligar, saber se eu estava ali?
Será que ninguém me ligou? Minha secretária eletrônica sequer investiguei, por que tive a impressão de não ouvir o telefone tocar.
Nunca tinha visto tamanha tempestade, nunca tinha visto céu tão sombrio e assustador. Me acompanhavam apenas meus dois felinos, que se deitavam ao meu lado, mas eu não os via.
Por que as pessoas se vão nas tempestades? Por que nos aflige a chuva? Na solidão de meu apartamento refletia sobre estas coisas, sem chegar a conclusões. Não poderia também, a tempestade me perturbava, e eu não conseguia raciocinar de forma correta.
A noite avançava e com ela, o frio. Mas em meio às lágrimas, havia ainda calor naquele lugar. Eu, porém, não o sentia. Me preocupava mais com o fim daquela tempestade. Queria que tudo acabasse logo, para que eu pudesse novamente sair, para que eu pudesse ver novamente aquelas pessoas importantes para mim.
Demorou muito sim, mas terminou. Nunca havia me sentido tão só quanto aqueles dias de chuva e de tolices. Estava eu só, mas eu estava enganado. Por que tudo que eu quis é que alguém tentasse me buscar ali, naquela apartamento, e acreditei realmente que isto não havia acontecido. Minha cegueira me impediu de ver a ti, tocando a música, me dando a pequena companhia ou me aquecendo... Não estava sozinho afinal.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Perdão ao próximo

Fui a tua casa ontem, Senhor... Que alegria eu tinha então! O que encontrei lá? O que havia lá? Havia este meu irmão, que dizia muitas coisas que discordo. Minha alegria então se foi com cada uma das palavras que ele dizia.
Por que nossos irmãos são assim, Senhor? Por que discordamos em coisas que não deveríamos discordar? Por que não percebem que muitas vezes estão em desacordo com o que o Senhor mesmo nos ensinou?
Tenho grande vontade de não mais ir ali, para que eu não possa mais ouvir tais coisas, ou para sequer ter que pensar em discutir tais coisas. Mas não seria isto uma fuga, Senhor? Não seria isto uma falta de amor fraterno? Talvez isto seria também uma forma de me sentir melhor do que os outros irmãos, ainda mais se o motivo que me afasta dali é não querer ser confundido com eles?
Sou cheio de falhas graves, caí até o nível mais baixo, mas mesmo assim, Senhor, tu não me abandonaste. Vieste até nós, para salvar cada um dos seus. Não devo eu ter a ti como modelo, e apenas a ti? Não sou melhor que ninguém, não tenho tampouco motivos para fugir de ninguém. Por que teu servo, o apóstolo Paulo, nos aconselha a vencer o mal com o bem, portanto, persistirei no bem, persistirei na humildade, persistirei na paz.
Por favor Senhor, dê-me a oportunidade de servir, ainda que eu discorde ou discordem de mim. Meus irmãos são todos pecadores como eu, e é por isto que como eu, peço que teu Espírito nos renove a cada dia. Me dê por favor Senhor, no entanto, entendimento sobre o que meu irmão pensa e passa em sua vida, pois não poderia eu estar errado em algum ponto também? Me dê a oportunidade ainda, Senhor, de poder expor para ele meu ponto de vista, de forma que ele também possa me entender.
E que eu possa voltar à tua casa, com aquela alegria, que não pode ser abalada por qualquer discordância.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quando nos tornamos falsos?

Ao meu ver, é muito fácil ser taxado hoje em dia de "pessoa falsa"... Parece que dos inúmeros motivos para uma pessoa agir de determinada forma, apenas o caminho da falsidade possui a probabilidade maior de acontecer. E para mim, isto se torna uma grande dificuldade para cumprir um dos ensinamentos de nosso Senhor:

Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? - Mateus 5:43-47
Quem ama seu inimigo? Quem faz bem para as pessoas que não se dão bem com ela? É difícil imaginar este tipo de coisa acontecer, e de fato isto para nós é muitas vezes uma tarefa difícil. Por isto geralmente somos encarados como pessoas falsas ao tentarmos fazer isto.
Não é minha intenção identificar quando alguém age com falsidade para conosco. Minha intenção aqui é identificar quando estamos sendo falsos, e como mudar este tipo de comportamento. Assim, quando somos falsos? Certamente é quando nós não conseguimos apagar a raiva ou rancor, quando não conseguimos deixar de lado os motivos que nos impede de gostar daquela pessoa: nós então amamos da boca para fora. Não conseguimos parar por um instante para analisar nossos problemas com relação àquela pessoa e tirarmos disto uma lição. Por que o problema pode estar em nós também, e o mandamento para amarmos nossos inimigos nos força a refletir sobre nossa relação com eles: por que devemos os amar?
Muitas vezes quem não consegue amar seus "inimigos" são aqueles que demonstram certo espírito vingativo. Eles querem que a pessoa de certa forma faça algo para remediar o que aconteceu, mesmo que isto seja a simples iniciativa de pedir perdão, ou de tocar no assunto. É interessante notar que o próprio apóstolo Paulo vinculava o sentimento de vingança com a paz:

Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. - Romanos 12:18-21
E talvez o motivo maior para amarmos nossos inimigos é demonstrar na prática, que você está confiando plenamente no julgamento de Deus para este caso: esteja esta pessoa certa ou errada (e você também). Amar, pedir perdão quando possível, ou conversar sobre o problema é sempre louvável, e todos nós devemos procurar isto.
Mas há momentos que a pessoa possui problemas com você também. Uma simples conversa pode ser impossível. Ainda assim, devemos confiar no julgamento de Deus, e temos que refletir bastante sobre o que sentimos. Não basta dizer que o perdoa ou que o ama, devemos sentir isto de verdade.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A pérola.

O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas; e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou (Mateus 13:44-46).
Em certo momento do ministério terrestre de nosso Senhor, ele passou a explicar o que era o Reino de Deus. Em todas suas descrições, Ele o apresenta como buscando seus membros, buscando seus súditos. É um semeador, é o proprietário de uma lavoura de trigo, é uma rede lançada ao mar...
Mas este reino também é uma pérola, um tesouro. Estamos sempre a buscar tesouros, buscamos nos lugares mais improváveis, mas mesmo assim buscamos.
Buscamos tesouros no reconhecimento. Fazemos de tudo para sermos reconhecidos pelo nosso próximo, somos até capazes, às vezes, de nos expor ao ridículo para isto. Negamos nossas crenças em público, escondemos nossos temores, escondemos nossas tristezas. Somos como pássaros, que quando adoecem, tentam agir como se nada tivesse acontecido, para não serem alvo de predadores. E o nosso predador é o medo da solidão. Buscamos o tesouro do reconhecimento para vencer este medo.
Buscamos tesouros nos bens, e compramos para melhorarmos nosso humor. Castigamos nossas carteiras para castigarmos nossas frustrações. Às vezes desejamos ter um pouco mais de dinheiro para gastarmos com aquela viajem que sempre desejamos, ou com aquilo que sempre desejamos ter, exatamente aquilo que perderá o brilho quando comprarmos...
Assim, saímos em desespero, buscando estes tesouros, como se pudéssemos viver ricos com ele. Fazemos nossas vidas depender disto, e nos sentimos sem sentido, quando nossas buscas falham...
O que foi a pérola encontrada pelo negociante? O que foi o tesouro encontrado por aquele homem? Por que estes homens venderam tudo? O que havia de especial neles?
Certamente eram tesouros de muito valor. Eram tesouros que os deixariam muito mais ricos do que seu estado atual, tal riqueza nem se compara com o que eles possuíam antes. Seu brilho era deslumbrante, jamais viram algo igual, por isto venderam tudo.
Somos capazes de vender tudo que temos? Ou será que vemos mais valor naquilo que temos, do que naquilo que podemos adquirir? Sou capaz de vender todas as minhas coleções e pertences, sou capaz de vender aquelas coisas que um dia eu sempre quis ter? Imagine a coisa que você mais valoriza, e imagine se você poderia vendê-la. Você faria isto, ou se sentiria como o jovem rico que não quis distribuir sua riqueza aos pobres? Somos capazes de ver o valor desta pérola, deste tesouro?
Sim, por que se tivermos este tesouro, não mais buscaremos tesouros em outros lugares. Não mais é necessário aquela busca desesperada por reconhecimento. O reconhecimento que vier virá naturalmente, você não precisará se sacrificar por nada. Ele será autêntico. Você não precisa comprar coisas por que elas preenchem um vazio. Elas não terão um significado maior do que elas deveriam ter.
Você poderá finalmente deixar suas ansiedades de lado, e viver plenamente. Você venderá tudo, você negará tudo que você é para buscar o Reino, e no fim de tudo, você encontrará a si mesmo.

sábado, 25 de junho de 2011

O velho homem

Eis que mais uma vez o sol se levanta no horizonte.
Eis mais uma vez, aquele velho homem se levantando de sua cama. A mesma velha rotina é seguida: banho, café, caminhada até o trabalho.
Um trabalho cansativo e monótono, que estranhamente aquele velho homem estudou por anos para executar.
São oito horas de dedicação diária. Estas são interrompidas por mais uma refeição como outra qualquer, sem grandes mudanças.
Ao final, mais uma caminhada de volta para casa. Uma olhada nas notícias da televisão. Uma breve leitura de um livro que o velho homem achou que se interessaria...
E por fim, novamente volta a sua cama, para repetir tudo no outro dia... Tudo de novo...

O que houve, velho homem? O que perdeste em teu caminho? Por que as coisas perdem sentido? Por que esta busca incessante por novidades? Por que elas não renovam?

Por que insistes em acordar todos os dias, velho homem? Não te cansas de andar sozinho? O que temes? Por que o velho não se vai, deixando apenas o novo?

Sim! O novo! Aquele que todos os dias vai para o trabalho com companhia. De fato, ele não está sozinho nunca e não vê os dias como iguais, pois seus dias são feitos especialmente para ele. Sua companhia é perfeita... Esta companhia lhe mostra todas as obras da criação, todos os dons dados aos homens e lhes dá todo o sentido que precisam de ser...

Por que ainda insistes em se levantar, velho homem? Diante de tudo isto, não vês que não conseguirá sobreviver? Não vês que tuas obras são em vão? Deixe-me, pois agora tudo que importa é aquele grandioso contentamento, que só o Santíssimo pode proporcionar...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Uma teoria sobre a importância

Sempre tive que enfrentar o problema da aceitação, isto desde pequeno já... Me lembro das várias coisas que fiz para ser aceito pelas pessoas que me rodeavam, pelas pessoas que eu considerava amigos... Há muito para se falar deste problema... Mas não é sobre ele que gostaria de tratar agora... O que eu tenho para falar é algo que venho observando na tentativa de enfrentar o problema, e na tentativa de descobrir onde falhei.
Trata-se da pergunta: o que nos faz ser aceitos? O mais importante ainda é descobrir o que nos faz importantes para uma pessoa.

Pensei muito sobre esta questão, e tenho chegado a uma linha de raciocínio que certamente terei que lapidar ainda. Mas já é um bom começo...

Acredito que exista dois tipos de importância. A primeira é essencial para que conheçamos pessoas, mas de forma alguma é a forma definitiva. Eu a chamaria de importância pelo que se faz. Todo mundo tem gostos e se dedica a certas atividades na vida, e isto acaba atraindo outras pessoas, amigos. Então, se você é engraçado, certamente atrai pessoas que gostem de pessoas engraçadas.
Por outro lado, há a importância pelo que se é. Esta é a mais difícil de se alcançar, mas é mais facilmente encontrada na relação de pais e filhos (embora nossos dias estejam trazendo reais tragédias nesta área).

A primeira como eu disse, é essencial. É por causa dela que conhecemos as pessoas, e despertamos o interesse nelas. Mas de forma alguma ela é definitiva. Não dá para se tornar o que fazemos como algo que nos prende às pessoas, pois isto significa no fundo que o que você gosta não é de pessoas, mas de coisas que elas fazem. Infelizmente, nosso mundo tem se tornado cada dia mais utilitarista. Isto significa que tudo que nos é útil é desejado, o que acaba sendo transportado para o relacionamento humano. Pessoas procuram apenas aquilo que lhes agrada.
A grande tragédia disto tudo é que se você quer ser aceito em um grupo, você deve fazer o que o grupo gosta e continuar fazendo o que ele gosta. No momento que você deixar de fazer isto, você se tornará descartável. Neste momento, tudo que você faz se torna correntes pesadas, e a sua liberdade significa também sua solidão. Você não faz mais algo por que gosta daquilo, mas por que precisa... E aquilo que te definiu para seus amigos passa a definir você. Por que tantas pessoas fazem coisas malucas para chamar a atenção? Não é por que desesperadamente procuram uma aceitação de mentira?
A primeira importância é só um passo para a segunda, que no meu ver é a definitiva: ser importante por aquilo que se é. É muito difícil encontrar pessoas que busquem esta importância e que dêem importância para as pessoas desta forma. É um nível muito superior de relacionamento, é verdade, e exige um conhecimento muito grande da pessoa com quem nos relacionamos. Por que neste relacionamento, o que a pessoa faz deixa de ser algo importante... É realmente complicado ver como isto se encaixa em nosso mundo, e tal relacionamento só pode acontecer de forma bilateral: seu amigo tem que te considerar amigo acima de tudo, assim como você o considera assim.
Brigas e desentendimentos acontecem sempre... Como vamos reagir a isto? Vamos terminar nossas amizades de longas datas, ou vamos procurar nos entender novamente? É a forma que procedemos nestas ocasiões que para mim determina a diferença entre os dois tipos de importância. A questão é que a amizade, o namoro, o casamento, estão tão descartáveis hoje em dia, que é muito mais fácil continuar brigado do que discutir as causas dos problemas e se chegar a um acordo, a um entendimento. As pessoas vivem fugindo de seus problemas, e isto não seria mais uma forma?

Neste contexto, acabo entendendo como de certa forma temos uma grande importância para alguém:
Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. - Romanos 5:8
Deus nos ama pelo que somos, e não pelo que fazemos. Deus não é utilitarista, e nós não deveríamos ser também...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O prazer na fraqueza

Há algum tempo já, eu desejava criar um blog... Sentia vontade de escrever sobre as coisas que passavam por minha cabeça, como uma forma de desabafo silencioso, meio egoísta. Mas não há tal egoísmo ao se escrever em um blog para que todos possam ler, não é?
Parte de mim gostaria de manter tudo que escreverei em segredo, aguardando que alguém me pergunte... Mas o problema é que ninguém me pergunta, e eu preciso exercitar minha capacidade de reflexão, não posso mais esperar que as pessoas me perguntem... Isto é portanto um exercício para mim, mais do que um compartilhamento.
E na tarefa de encontrar um título para este espaço virtual, que o texto de Paulo não me saía da cabeça...
E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte. - 2 Coríntios 12:7-10
É tão curioso para mim como um apóstolo poderia exibir tal sinal de humanidade: todos nós sucumbimos de alguma forma aos sofrimentos deste mundo... E no momento que eu criava o blog, era justamente por isto que eu passava. Eu estava perdendo muita coisa em minha vida, e estava me sentindo perdido...
Teria Paulo sentido o mesmo? Teria ele sentido a angústia que eu sentia? Quantas vezes ele se sentiu sem forças para continuar? A verdade é que todos nós fazemos parte da irmandade dos sofredores, isto nos permite imaginar como ele poderia ter se sentido, podemos até mesmo nos refletir no apóstolo, podemos citar suas palavras: Senhor, o afaste de mim!!
E assim, nós também recebemos a resposta que ele recebeu, como se fosse uma resposta para nós, uma resposta que é bastante inesperada. O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza... Mais inesperado do que isto é a declaração: minha graça te basta. Nada mais. Ó Senhor, como é difícil entender isto, como é difícil colocar isto em prática.
Mas eu mesmo não poderia imaginar nada mais apropriado para Deus. Afinal de contas, qual a dificuldade em ajudar pessoas felizes a serem felizes? Quem ajuda e aperfeiçoa os fracos? O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza por que ali este poder mostra ser puramente divino.
Somos tão miseráveis a ponto de ser necessário nos tirar tudo, para percebermos que temos o mais importante? Somos tão cegos assim? Nunca pensamos que a Salvação nos veio por meio do maior de todos os sofrimentos... Nunca pensamos o quanto crescemos com todas as nossas quedas. Uma árvore cresce melhor ao ser podada.
Certamente há muitas lembraças da felicidade. Me lembro dos vários momentos felizes que tive com saudade. Ainda bem que sinto falta de todos eles, por que desta forma eu sei que minha vida tem valido a pena, não adianta pensamentos negativos tomarem minha mente... Aqueles pensamentos que sempre estão contra nós, nos prejudicando, nos tornando mais fracos, finalmente tirando nosso foco.

Saberemos focar na graça? Poderemos nos levantar mais uma vez? Teimamos demais em sofrer sem motivos, mas para mim é uma grande maravilha saber que verdadeiramente teimoso é Deus em nos amar.
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