Trata-se da pergunta: o que nos faz ser aceitos? O mais importante ainda é descobrir o que nos faz importantes para uma pessoa.
Pensei muito sobre esta questão, e tenho chegado a uma linha de raciocínio que certamente terei que lapidar ainda. Mas já é um bom começo...
Acredito que exista dois tipos de importância. A primeira é essencial para que conheçamos pessoas, mas de forma alguma é a forma definitiva. Eu a chamaria de importância pelo que se faz. Todo mundo tem gostos e se dedica a certas atividades na vida, e isto acaba atraindo outras pessoas, amigos. Então, se você é engraçado, certamente atrai pessoas que gostem de pessoas engraçadas.
Por outro lado, há a importância pelo que se é. Esta é a mais difícil de se alcançar, mas é mais facilmente encontrada na relação de pais e filhos (embora nossos dias estejam trazendo reais tragédias nesta área).
A primeira como eu disse, é essencial. É por causa dela que conhecemos as pessoas, e despertamos o interesse nelas. Mas de forma alguma ela é definitiva. Não dá para se tornar o que fazemos como algo que nos prende às pessoas, pois isto significa no fundo que o que você gosta não é de pessoas, mas de coisas que elas fazem. Infelizmente, nosso mundo tem se tornado cada dia mais utilitarista. Isto significa que tudo que nos é útil é desejado, o que acaba sendo transportado para o relacionamento humano. Pessoas procuram apenas aquilo que lhes agrada.
A grande tragédia disto tudo é que se você quer ser aceito em um grupo, você deve fazer o que o grupo gosta e continuar fazendo o que ele gosta. No momento que você deixar de fazer isto, você se tornará descartável. Neste momento, tudo que você faz se torna correntes pesadas, e a sua liberdade significa também sua solidão. Você não faz mais algo por que gosta daquilo, mas por que precisa... E aquilo que te definiu para seus amigos passa a definir você. Por que tantas pessoas fazem coisas malucas para chamar a atenção? Não é por que desesperadamente procuram uma aceitação de mentira?
A primeira importância é só um passo para a segunda, que no meu ver é a definitiva: ser importante por aquilo que se é. É muito difícil encontrar pessoas que busquem esta importância e que dêem importância para as pessoas desta forma. É um nível muito superior de relacionamento, é verdade, e exige um conhecimento muito grande da pessoa com quem nos relacionamos. Por que neste relacionamento, o que a pessoa faz deixa de ser algo importante... É realmente complicado ver como isto se encaixa em nosso mundo, e tal relacionamento só pode acontecer de forma bilateral: seu amigo tem que te considerar amigo acima de tudo, assim como você o considera assim.
Brigas e desentendimentos acontecem sempre... Como vamos reagir a isto? Vamos terminar nossas amizades de longas datas, ou vamos procurar nos entender novamente? É a forma que procedemos nestas ocasiões que para mim determina a diferença entre os dois tipos de importância. A questão é que a amizade, o namoro, o casamento, estão tão descartáveis hoje em dia, que é muito mais fácil continuar brigado do que discutir as causas dos problemas e se chegar a um acordo, a um entendimento. As pessoas vivem fugindo de seus problemas, e isto não seria mais uma forma?
Neste contexto, acabo entendendo como de certa forma temos uma grande importância para alguém:
Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. - Romanos 5:8Deus nos ama pelo que somos, e não pelo que fazemos. Deus não é utilitarista, e nós não deveríamos ser também...
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