Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte. - 2 Coríntios 12:10

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Noite...

Noite, escuridão temível... Se aproxima lentamente todos os dias, trazendo aquele vazio...

Como queria que fosse diferente... Como queria que tudo fosse diferente? Mas seria melhor? Faria mais sentido? Não tenho estas respostas... O que me resta é esperar...

Esperar por esta noite que demora a passar...

Noite...

Todos dormem, tranquilamente. Alguns no entanto sofrem com o dia que virá...

E eu? Com o que sofro? Não é com o dia que virá, certamente... O futuro não significa nada quando o passado se faz tão presente... O passado magoa, sufoca, mata... Por ele estou de pé, vendo a noite passar e me questionando perguntas difíceis...

Às vezes a dor não passa... Mesmo que você se esforce ou esteja convencido de que não há motivos para se ter dor... O que fazer então? Por que às vezes é tão difícil encontrar respostas?

Talvez esta noite não seja uma vã noite. Talvez esta escuridão não esconda minha dor por acaso... E se nada for por acaso? E se nada foi por acaso? E se isto acontece por que no fim das contas me foi dado a capacidade de suportar tudo isto?

Foi o que me perguntei... Eu me perguntava por que ainda estava aqui... Eu parecia a mim mesmo um inútil que chorava escondido e tinha pena de mim mesmo... E me perguntava por que ainda estava aqui? Se eu não fazia nada, por que isto? Mas talvez estar aqui não seja a pergunta, mas uma resposta... E se foi me dado a capacidade de suportar tudo isto? Se não suportasse, estaria eu aqui ainda?

Quem consegue se levantar diante de uma grande queda? Quem aprende a confiar sozinho? Não pedi por isto? Não pedi a suportar as dores? Por que fugiria de meu pedido?

Noite... Ela se aproxima de novo... e meu pedido ainda continua a ser feito... mesmo que doa lá no fundo... por que morro todos os dias, na esperança de ressuscitar todos os dias...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Em busca de si

O que acontece com nosso mundo, com as pessoas que vivem nele? Não é preciso se viver muito para perceber que há certo desespero em todos... Talvez eu esteja sendo ousado ao falar isto, e provavelmente estarei sendo ousado ao dar prosseguimento a este post... Mas há algo que percebo nas pessoas, e não me sai da cabeça que isto é reflexo das nossas escolhas, de nossa cosmovisão.
Preciso voltar então um pouco no tempo e mencionar a velha disputa filosófica sobre o naturalismo. Antigamente, no tempo da Escolástica ainda, era Aristóteles que dominava a visão do mundo. E dentro desta visão, todas as coisas tinham uma causa eficiente e uma causa final. Ou seja, havia algo responsável pela existência de determinado objeto, como o oleiro sendo responsável pelo vaso. Mas havia também a causa final, o motivo para aquilo existir. O oleiro faz um vaso para transportar água, por exemplo. E isto era facilmente transportado para a vida humana, entendida como glorificando a Deus.
Obviamente, esta ideia de causa final não era bem vista por uma visão mecanicista da natureza, principalmente por ser uma janela por onde a fé em Deus saltava facilmente. Nem todo mecanicista era, obviamente, um ateu. Mas não tardou para que este ponto de vista produzisse nossos primeiros ateus e desde que este ponto de vista andou lado a lado com a revolução científica que se seguiu, ela acabou se tornando também um ponto de vista amplamente aceito, geralmente sem questionamentos.
Mas como explicar o mundo sem causas finais? Sabemos por exemplo que o coração bombeia sangue para todo o corpo. Esta é sua função, em outras palavras, esta é sua causa final. Materialistas têm um grande trabalho de tentar explicar a função do coração sem dar entender que ele possui uma finalidade. No entanto, ignorando estas dificuldades, vivemos como se esta cosmovisão fosse verdadeira e assumimos todos os seus pressupostos.
E assim, vejo que a vida humana perdeu todo seu valor. Não somos mais do que matéria sem finalidade. Surgimos de processos totalmente mecânicos e cientistas estão todos os dias tentando dar uma explicação mecanicista de tudo, o que nos inclui. Meus pensamentos, meus sentimentos, minhas dores, tudo isto não passa de reações mecânicas aos estímulos que recebo de meu meio... E então, para onde foi minha identidade?
E percebo como o conflito entre a cosmovisão materialista do mundo e o sentimento humano de buscar um sentido para a própria vida é doloroso. É inegável que o ser humano busque este significado. Alguns podem até negar que busquem um significado para as próprias vidas, imaginando que qualquer um que faça isto inevitavelmente o encontrará em Deus (que não deixa de ser interessante). Mas elas estão de uma forma ou outra buscando este significado em seus amigos, amores, pertences, trabalho...
Mas aliado a esta busca de significado, há o fator já mencionado de perda de identidade. Perdendo sua identidade, aquilo que dá significado para a vida da pessoa é perseguido de forma mais intensa... É então que vemos tantas demonstrações de futilidade neste mundo, vemos pessoas tentando aparecer a todo custo. Mulheres colocando próteses de silicone exageradas, algumas tentando até bater recordes, homens lançando toda sorte de música simplesmente para ficar algum tempo nas paradas de sucesso. A facilidade de se fazer um vídeo e colocar ele online permitiu uma quantidade maior de pessoas nesta corrida. Por que um programa de televisão ou rádio procuraria pessoas que gravam estes vídeos que são os mais populares na internet? Nós estamos nos vendendo por pouca coisa...
E no dia a dia, buscamos inconscientemente aquilo que nos dá mais destaque. Decidimos estudar determinada área, às vezes por que gostamos dela. Mas assim que começamos a estudar, não nos dedicamos como pessoas que escolheram estudar o que gostam. Estudar não dá "brilho" às nossas vidas. Conhecer não é importante. Se o material está sempre disponível para consulta em nossos trabalhos, por que estudar? Não é melhor pegar nossos diplomas logo? E quando estamos trabalhando? Por que estamos sempre mal-humorados e se queixando daquilo que escolhemos? Não seria por que o trabalho em si não traz o significado que esperamos? Não vivemos para o reconhecimento? Eu deixei então o trabalho que eu gosto para viver aguardando o reconhecimento de meus superiores. Não que o reconhecimento seja ruim, mas o problema é que ele muitas vezes se torna a única coisa que importa.

Ser bem-sucedido é o que importa para o mundo. Nos tornamos utilitaristas por que não tivemos escolha... Nossa cosmovisão nos tomou nosso direito de buscar um significado para nossas vidas. Nem os crentes se livram desta influência, pois eles estão buscando a igreja que possui mais membros, eles estão buscando destaque em suas congregações.

Assim segue o mundo então, em busca de sua própria identidade... E será que ele conseguirá se despertar deste pesadelo a tempo?
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